GONGO SOCO: DE MAIOR MINA DE OURO DO MUNDO
À BOMBA
RELÓGIO IMINENTE
Como a imensa maioria das minas de ferro, em Minas Gerais, o Gongo Soco teve
seu início como uma mina de ouro, a mais célebre de todas. O Gongo Soco foi a
mina que mais produziu ouro em toda a história da humanidade. Inicialmente, o
Gongo Soco foi de propriedade de João Batista de Sousa Coutinho, o Barão de
Catas Altas, que, a partir de 1818, apurou somas fabulosas de ouro daquelas
lavras a céu aberto. Durante dois anos, o Barão extraiu, por dia, nada menos do
que 7 quilos e meio de ouro puro dos talhos abertos do Gongo Soco, o que fez de
Catas Altas um dos homens mais ricos do Império Brasileiro e bancou todas as
excentricidades pelas quais ficaria conhecido.
Posteriormente, julgando, esgotada a mina, Catas Altas a vendeu para os ingleses da Imperial Brazilian Mining Association, que passariam a empregar tecnologia mecanizada na exploração do ouro, como o trem de vagonetes e o engenho hidráulico de pilões, cujas cabeças dos trituradores eram produzidas pela Fábrica de Ferro de João Monlevade. Monlevade foi o fornecedor preferencial de artefatos de ferro das companhias mineradoras inglesas por mais de 50 anos, forjando não apenas as cabeças de ferro dos trituradores do quartzito aurífero, cada uma pesando 80 quilos, como também qualquer outra ferramenta demandada pela mineração, além de peças muito maiores. Há registro de peça de ferro de mais 900 quilos de peso fabricada por Monlevade e enviada até o Gongo Soco através de seus famosos carretões de quatro rodas, puxados por muitas juntas de bois. Mecanizado, constituído na forma de uma companhia e conformado aos moldes de uma vila européia, contanto com mais de 1.000 habitantes, de 1826 à 1856, o Gongo Soco produziu na mãos dos ingleses 27.887 quilos de ouro puro, algo sem precedente ou paralelo no mundo. Foram quase mil quilos de ouro por ano, mais de 2 quilos e meio de ouro por dia.
Posteriormente, julgando, esgotada a mina, Catas Altas a vendeu para os ingleses da Imperial Brazilian Mining Association, que passariam a empregar tecnologia mecanizada na exploração do ouro, como o trem de vagonetes e o engenho hidráulico de pilões, cujas cabeças dos trituradores eram produzidas pela Fábrica de Ferro de João Monlevade. Monlevade foi o fornecedor preferencial de artefatos de ferro das companhias mineradoras inglesas por mais de 50 anos, forjando não apenas as cabeças de ferro dos trituradores do quartzito aurífero, cada uma pesando 80 quilos, como também qualquer outra ferramenta demandada pela mineração, além de peças muito maiores. Há registro de peça de ferro de mais 900 quilos de peso fabricada por Monlevade e enviada até o Gongo Soco através de seus famosos carretões de quatro rodas, puxados por muitas juntas de bois. Mecanizado, constituído na forma de uma companhia e conformado aos moldes de uma vila européia, contanto com mais de 1.000 habitantes, de 1826 à 1856, o Gongo Soco produziu na mãos dos ingleses 27.887 quilos de ouro puro, algo sem precedente ou paralelo no mundo. Foram quase mil quilos de ouro por ano, mais de 2 quilos e meio de ouro por dia.
Minas como o Congo Soco foram importantíssimas, não apenas pela grande
quantidade de ouro que produziram, mas principalmente pelo emprego intensivo da
mecanização a que foram pioneiras, sendo consideradas hoje pela historiografia
como o alvorecer da indústria mineira. Tais minas deixaram uma marca tão
indelével na construção da identidade regional que ainda hoje a herança
daqueles idos pode ser observada no jeito de falar do mineiro. Manter o processo
de mecanização sempre funcionando não era tarefa fácil. O inglês estava sempre
cobrando do mineiro o porquê da interrupção do funcionamento. Então o inglês
indagava: “why (?)”, que é a tradução de “por que (?)”. Daí a origem da
interjeição “uai”, tão utilizada pelo mineiro para exprimir surpresa ou
espanto. “Sô”, que em Minas é utilizado como pronome de tratamento e “trem”,
que é utilizado pelos mineiros como sinônimo de qualquer coisa, também são
originários do convívio dos mineiros com os ingleses nas companhias mineradoras
do ouro. “Trem” é referente ao “train” de vagonetes, sob trilhos, que eram
empregados nas companhias mineradoras para extrair o minério aurífero das
galerias subterrâneas; “sô” é a adaptação do vocábulo “sir”, que era como os ingleses
eram tratados nas companhias.
Depois de extinta a Companhia Inglesa do Gongo Soco, a mina passou a ser
explorada pela Vale também por seu minério de ferro que é puríssimo e,
obviamente, muito rico em ouro. Outrora, um colosso aurífero, indutor do desenvolvimento
da região, agora, o Gongo Soco se transformou numa verdadeira bomba-relógio que
pode explodir a qualquer momento, mediante o risco da ruptura de mais uma
barragem da mineração. É, terrivelmente, vergonhoso testemunhar como a
mineração virou sinônimo de medo em Minas Gerais.
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